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O Conto do Guerreiro Elemental


Contam os Bardos e Menestréis que a muitas e muitas Eras as Divindades caminhavam e viviam entre os Mortais, rodeadas diretamente por seus Adoradores e suas infinitas criações, esses mesmos contadores de histórias afirmam que houve um Mortal que ousou apaixonar-se por um ser Divino, seu nome era: Todylma.
Todylma era realmente muito jovem quando viu pela primeira vez Pathyz e nunca conseguiu tirar a imagem daquela mulher maravilhosa e soberba de sua mente ou de seu coração. Negligenciando o ciclo natural, enquanto seus irmãos unian-se com esposas e esposos e proliferavam-se ele estudava.

Costura, forja, escultura entre outras formas de trabalho manual com o único objetivo de produzir a peça mais linda e ricamente adornada que pudesse ser feita. Passou toda a sua infância, adolescência e juventude com este único objetivo, criando e recriando, buscando as mais belas e melhores matérias primas. E isso não é pouco tempo, pois diz-se que naquela época os Mortais tinham sua vida finda apenas se outro a tirasse ou se ele mesmo a oferecesse a uma Divindade e por isso envelheciam muito mais lentamente que hoje.

Ao atingir sua idade adulta Todylma também alcançou seu objetivo, criando o mais lindo e ricamente adornado manto que jamais fora visto e jamais seria. Feliz e confiante com o resultado que conseguira Todylma chamou sua família, sua mãe, seu pai, seu irmão, sua irmã, sua sobrinha  e seu avô e pediu que esses preparassem o melhor de todos os banquetes já servidos, pois ele convidaria as próprias Divindades.
Durante tanto estudo e dedicação a sua obra Todylma ficou conhecido como o melhor artesão de todo o mundo e ao fazer seu convite as Divindades este titulo lhe valeu, pois graças a ele elas aceitaram. Todos foram, exceto Mayoh, como se soubesse o que aconteceria.

Sentados a mesa  principal estavam apenas as Divindades e Todylma, estando esse em uma das pontas e Pathyz na outra, a sua frente. A sua volta muitos seguidores fiéis dessas Divindades enquanto sua família servia o banquete.

Ao que contam foram mais de vinte dias e noites banqueteando, quando Todylma percebeu a satisfação em sua amada então ele revelou o verdadeiro motivo desta comemoração.

Anunciou que tinha concebido a obra mais bela já executada por um Mortal e desejava presentear Pathys com esta. Ao mostrar a capa mesmo as Divindades não puderam conter seu espanto e admiração por sua beleza sem igual e sendo amante de coisas belas Phatyz aceitou de bom grado e gentilmente a oferenda.
Todylma então vestiu a forma da bela mulher com aquela capa e, enquanto o fazia, delicadamente disse para que só ela ouvisse:

“Esta é a prova do meu amor, a prova de que mesmo um Mortal pode ser  tão grande quando uma Divindade quando impulsionado pela paixão.”

Neste momento tudo mudou, sem que fosse possível  qualquer reação Pathyz arremessou Todylma contra uma das mesas, na qual foi seguro por alguns dos adoradores da Divindade. Com um único olhar de sua Mestra os demais adoradores de Pathyz que ali estavam sacaram aprisionaram também a família de Todylma, que foi toda trazida para frente do olhar deste, totalmente imobilizado.

Enquando ele tentava soltar-se um a um os membros de sua família foram sacrificados por Pathys com seus poderes, naquela época todas as Divindades tinham total controle sobre qualquer elemento que compusesse este mundo.

Primeiro Todylma viu sua mãe sendo envolta em uma bolha de água afogando-se desesperadamente e enquanto ele debatia-se tentando livrar-se de seus carcereiros viu também seu pai afundando na própria terra solida abaixo de seus pés berrando de dor enquanto, entre os berros, podia-se ouvir seus ossos sendo quebrados um a um.

Para continuar seu desespero o próximo foi seu irmão que teve o corpo tomado por chamas que pareciam sair de sua própria pele e o derretiam de dentro para fora.

A cada morte e lagrima de Todylma, Pathyz parecia mais satisfeita com a situação.
Continuando a tortura a irmã de Todylma começa a sufocar a sua frente, ajoelhando e com os olhos implorando por piedade. Ainda preso ele teve que ser então sua sobrinha sendo atingida por uma forte faixa de luz do sol que aos poucos foi fritando sua pele, carne e ossos.

Já desprovido de suas forças e aos prantos, Todylma é libertado apenas a tempo de tentar abraçar seu Avô que é consumido pelas sombras de uma arvore reaparecendo, após muitos gemidos, já morto.
Prostrado perante sua família chacinada Todylma chora sem entender direito os motivos de tudo isso, acreditando estar dormindo e em um pesadelo horrível, quando sente o rosto de sua amada Pathys aproximar-se por trás e quase encostar em sua orelha dizendo-lhe.

“Aprenda Mortal, nada nem ninguém pode ser comparado a mim ou aos meus semelhantes e aquilo que nós realizamos. A lembrança dessas mortes é meu presente a ti, para que sente te recordes disto.”

Todylma, perplexo e imóvel, observa as Divindades retirando-se de suas terras e sua Amada e Carrasca caminhando portando sua bela capa.

Com a vista turva de ódio, tristeza e todas as emoções contraditórias que podem assolar uma alma despedaçada Todylma mal percebeu que um de seus convidados não havia se retirado.

Wabyo, provavelmente uma das Divindades mais próximas dos Mortais, na forma de um homem nobre e velho, mas de belo porte e com a face suave vai até ele e o levanta, enquanto ele observa Wabyo passa a mão pelos restos mortais de seus parentes e voltando-se para Todylma abre-a mostrando 6 pequenas pedras de Jade.

“Não concordo com o que fez minha igual, todavia não podemos atritar entre os grandes Mestres do mundo.  Como sempre, o mais sábio entre nós foi Mayoh que declinou seu convite. Mas deixe-me aliviar sua dor, parte do espirito dos seus esta guardado nestas pedras, quando desejar revê-los aperte-as sobre seu peito e eles viram até ti.”

Então Wabyo também retirou-se, deixando Todylma estático, em pé, com as 6 pedras na mão.
Todylma passou muitos anos entre o mundo real e a convivência com seus entes massacrados por sua culpa, em seu ponto de vista. Sem objetivo, sem rumo e nenhum destino.

Caminhava por todo o mundo, comendo e bebendo aquilo que encontrava ou que lhe era oferecido, dormindo onde podia e sem nem o mínimo cuidado pessoal.

Até que um dia, ao atravessar uma floresta Todylma vê uma comitiva de homens carregando um mulher, ao olhar melhor ele reconhece Pathys e sem nenhum raciocínio  atravessa o pequeno exercito que a carrega e joga-se contra ela com um pedaço de madeira pontiagudo.

A divindade com apenas um olhar arremessa-o de volta ao chão e prossegue seu caminho rindo.
Neste momento alguma luz volta aos olhos de Todylma, mesmo que uma luz assustadora. Então ele continua sua peregrinação, mas desta vez aparentemente com algum objetivo.

Ele monta uma oficina móvel, em uma espécie de carroça, e novamente começa a criar e produzir com os achados de suas viajem.

Utilizando a força das águas da cachoeira mais alta e mais distante, que hoje conhecemos como Lahdw, ele esculpe uma adaga, na qual encrusta a pedra que apertava em seu peito quando desejava os conselhos de sua Mãe.

Com a pedra mais dura, da caverna mais profunda, da montanha mais alta, hoje chamada de Camdtyh, ele esculpe o peitoral de uma armadura, na qual encrusta a pedra que lhe trazia a voz de seu velho e amado pai.

Forjou com o melhor metal na lava da montanha de fogo mais alta, mais distante e mais quente, que chamamos de Kaldyho atualmente, ele forjou uma espada, na qual encrustou a pedra que lhe permitia relembrar as travessuras e aventuras com o irmão.

Com penas de aves das terras que flutuam, que conhecemos como Ky, ele vez tecido e desse tecido fez uma calça e usou como fecho a pedra que lhe trazia de volta o carinho de sua irmã.

Subindo o pico de cristal que fica acima das nuvens, chamado de Wyza, ele esculpiu com o mesmo cristal um Elmo, no qual encrustou a pedra que lhe permitia olhar, brincar e ensinar novamente sua sobrinha.

No desfiladeiro mais profundo, onde a luz nunca alcança, o qual chamamos Wazy, ele usou teias de aranha para fazer tecido e com este tecido ele fez uma capa cujo o fecho levou a pedra que lhe trazia de volta os conselhos de seu avô.

Então voltou, voltou para o mesmo local, onde outrora sua família morou, e treinou. Percorreu todos os lugares que conheceu procurando lutadores para desafiar, até que nenhum mais o pudesse derrotar. Quando sentiu-se pronto gritou o nome de Pathyz e desafiou seus poderes com toda a força de seus pulmões.

Não tardou para que a divindade atende-se seus brados. Logo Todylma avistou, entrando na terra que outrora abrigou sua família, a comitiva de seguidores carregando sua Mestra Pathyz nos ombros.

Ao ver quem executava tamanha afronta Pathys sorriu e nem mesmo se levandou. Com um aceno seus seguidores avançaram sobre o guerreiro solitário, que em meio ao descampado, parecia estar disposto a enfrentar um exercito vestindo uma apenas um peitoral de aparência rústica, uma fina calça e um elmo reluzente quase ocultos por uma capa negra como a noite e empunhando uma espada de metal avermelhado e uma adaga de lamina que hora parecia refletir azul e hora verde.

Não seria um simples exército que separaria Todylma de sua vingança, antes mesmo que o exercíto o alcançasse este saltou ao meio da multidão e aparentemente sem que pudessem lhe ver matou um a um os seguidores de sua antiga Carrasca.

Banhado no sangue daqueles que adoravam o que ele odiava tanto, Todylma eliminou o último mortal alí presente e voltou-se para Phatyz correndo em sua direção, mas antes que pudesse alcança-la foi bloqueado pelas demais divindades que  repentinamente surgiram a sua frente criando uma barreira.

Uma forte e árdua batalha travou-se alí, todas as Divindades, exceto Mayoh que manteve-se parado todo o tempo, pareciam não serem capazes de segurar um simples Mortal. A batalha estendia-se da terra para o ar, a cada golpe desferido contra o Mortal a própria terra parecia tremer e em meio a tantos golpes Todylma conseguiu ter uma visão clara da face de Pathys a seu alcance e com a adaga feriu o rosto da Divindade.

Esse não foi o único golpe que Todylma acertou em seus oponentes.

Com sua capa ele já havia cegado temporariamente Dawy, Any, e Cahloz assim como Tyhza,  havia ferido a mão atacando seu peito e também havia sido ferida pela adaga, Johy e Lwzymah, foram os mais feridos, atingidos com cabeçadas, adaga e a espada que também feriu Mahy e Wabyo, Lwzymah ainda foi alvo de algumas joelhadas durante o combate aéreo. Wamdyhl, mesmo sendo um forte guerreiro, acabou também sendo ferido pela adaga.

Mas logo após acertar seu alvo tão desejado, ele viu a face de Yam, observando e chorando de fora da batalha. Então percebeu que apesar de seus motivos uma vida de vingança guiada pela vingança não era uma vida. Lembrou-se de sí mesmo chorando sua Família e cessou os ataques indo até Yam.

Neste momento Pathys ia ataca-lo, acompanhada de alguns de seus iguais mais furiosos, porém Mayoh colocou-se em seu caminho e impediu, deixando que Todylma alcançasse Yam e ajoelhando-se aos seus pés deixa-se toda a sua roupa e armas e partisse.

Então Mayoh usou seu poder para devolver cada peça criada pelo artista guerreiro a seu lugar de origem e dizem alguns bardos que também devolveu a Todylma toda sua família, outros contadores dizem que Yam levou Todylma a terra dos mortos e lá ele está com sua família.

O que todos concordam é que houve um Mortal capaz de enfrentar, ferir e sobreviver as divindades. E mais, desde essa conta-se que as Divindades não foram mais capazes de controlar todos os elementos, criando verdadeira repulsa por algúns deles, por terem sido feridos por esses elementos.

Também há quem acredite que outros Mortais assistiram tal batalha e eles teriam se tornado os primeiros seguidores dos Espiritos Elementares.

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